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quinta-feira, 8 de março de 2012

A sombra da lua - Novo título disponível a partir de 09/03/2012

Título: A sombra da lua
Autor: John Sandford
Ano: 2012
Sinopse: Com mais de três milhões de exemplares vendidos no mundo, A sombra da lua confirma John Sandford como um dos escritores policiais mais talentosos da atualidade. Acostumado a assumir casos difíceis, o investigador do Departamento de Detenção Criminal de Minnesota Virgil Flowers é mandado a Bluestem, uma pequena cidade do interior, para ajudar a polícia local a solucionar um crime que chocou a população: um casal de idosos foi morto em sua residência com requintes de crueldade. Ao chegar à cidade durante a madrugada, Virgil é surpreendido por um incêndio no alto de uma montanha. A casa do fazendeiro Bill Judd é consumida pelas chamas e seu proprietário morre sob os escombros. Bill era um homem recluso e odiado. Há muitos anos, esteve à frente de um esquema fraudulento que levou centenas de fazendeiros à falência. Embora o dinheiro nunca tenha aparecido, ele foi julgado e absolvido. Além disso, seu envolvimento com várias mulheres casadas era de conhecimento de todos na região. Virgil não acredita em coincidências e fica intrigado com a morte do fazendeiro. Afinal, a pacata Bluestem passou duas décadas sem um único crime e nas últimas semanas foi cenário de três homícidios. Determinado a encontrar uma ligação entre os assassinatos, o investigador começa a conversar com os moradores e a descobrir seus segredos. Contudo, revirar o passado de uma pequena cidade pode trazer sérias consequências para um forasteiro.


LLeia Mais Sobre "A Sombra da Lua - Três Assassinatos Numa Pequena Cidade - Não Pode Ser Mera Coincidência"Leiaa

Seis sacos grandes de serragem comprados à meia-noite no posto de autoatendimento da marcenaria Dunstead & Daughter, “servindo às suas necessidades desde 1986”. Não havia câmeras de segurança, iluminação ou atendentes. Você pegava o produto, deixava o dinheiro e ia embora. Lunar empilhou os sacos no porão, a música country martelando nos fones do iPod, a letra falando sobre lábios vermelhos. Em seguida, tirando os fones, correu escada acima, até onde o velho estava caído com o rosto virado para o tapete, sacudindo-se, chorando, tentando se soltar. Estava amarrado com uma corda barata, mas pouco importava. Era tão caquético e frágil que um barbante teria o mesmo efeito. – Por favor – gemeu o velho –, não me machuque. Lunar gargalhou, uma risada no estilo rock and roll, e disse: – Não vou machucar você. Vou matar! – O que você quer? Posso dizer onde está o dinheiro. – Não é dinheiro. Eu já tenho o que quero. Lunar passou a corda pelos tornozelos do velho e o arrastou pela escada do porão, o rosto do homem batendo em cada um dos degraus. – Ah, meu Deus, me ajude! – As lágrimas escorriam pelo rosto ferido, pelos
lábios machucados. – Deus do céu, me ajude! Bum! Bum! Bum! Nove vezes. – Deus não vai ajudar – disse Lunar. O velho se acalmou por um instante, mas logo gritou: – Ele vai mandar você para o inferno! – Onde você acha que estou, velho? – Seu... – Cala a boca! Estou trabalhando. Colocar o velho sobre os sacos foi a parte mais difícil. Lunar jogou-o de cara no saco que estava por cima e foi levantando as pernas dele. O homem era alto, porém frágil. Tinha 82 anos, era sedentário e estava quase senil, mas não a ponto de ignorar o que acontecia à sua volta. Começou a afundar na serragem, debatendo-se. Com muito esforço conseguiu suspender metade do corpo para fora, mas despencou entre os sacos, lutou mais um pouco e então desistiu. A serragem aumentava o poder de combustão e não deixava resíduos. Ao menos era o que os fanáticos por incêndios criminosos diziam na internet. Lunar estava ocupado com o primeiro galão de gasolina, derramando o líquido pelo porão, em volta dos sacos, encharcando o velho, as prateleiras de madeira,
a bancada de trabalho pouco usada, a pilha de cadeiras velhas, e começou a subir a escada. O velho voltou a se debater. Ele gemia. – Por favor! Os primeiros respingos da gasolina tinham um cheiro agradável, semelhante ao odor que fica no ar ao abastecer um carro. Mas, naquele recinto fechado, os vapores de um galão inteiro tornaram a atmosfera sufocante. – Não morra ainda! O fogo está chegando! – gritou Lunar, subindo de costas pela escada, derramando o líquido nos degraus. O segundo galão foi despejado de maneira cuidadosa pelo primeiro andar, encharcando os tapetes persas, espalhando- se sob o piano de cauda, escorrendo para baixo dos armários. Quando dois terços do combustível tinham sido derramados, Lunar recuou pela cozinha, onde estava o primeiro galão, agora vazio. Iria levá-los embora. Não
havia sentido em deixar pistas de que o incêndio havia sido criminoso, ainda que a polícia logo fosse descobrir. Uma chuva violenta batia nas janelas. A ideia inicial de Lunar era formar um rastro de gasolina até o quintal e atear fogo. Mas com o temporal seria difícil. A água espalharia a gasolina assim que ela fosse derramada. De modo que o fósforo teria de ser aceso dentro da casa. Havia um pequeno risco, já que o combustível tomava conta do lugar, penetrando em cada canto do ambiente. À porta da cozinha, Lunar despejou a última gota de gasolina. Virou-se e olhou para o interior da residência. O lugar era enorme, luxuoso, e estava em péssimas condições. A faxineira ia duas vezes por semana, quando cozinhava e lavava roupa. Mas carpintaria, parte elétrica e hidráulica não estavam entre as atribuições dela e a casa precisava urgentemente de reparos, assim como de uma boa dedetização. Havia insetos no porão, morcegos no sótão e – o assassino pensou, dando uma gargalhada – um maluco na cozinha. O velho gritou uma última vez, a voz abafada pelo som da chuva e do vento: – Meu Deus, me ajude! Era bom saber que ele ainda estava vivo. A experiência seria completa. Lunar se dirigiu à varanda dos fundos, riscou um fósforo e colocou fogo na caixa. O papelão começou a arder em chamas e o homem ficou rindo, admirando o brilho intenso. Finalmente jogou a caixa no piso encharcado de gasolina
da cozinha, virou-se e correu para a chuva. O fogo correu até a poça de combustível, formando um brilho intenso, serpenteou até a sala, passou sob o piano – que já vivera dias melhores –, disparou para o outro lado, como se estivesse vivo, e desceu a escada do porão. Os vapores no andar de baixo ainda não estavam concentrados a ponto de
causar uma explosão. Cercado pelos sacos de serragem, o velho ouviu um ruído e logo sentiu o calor calcinante de um maçarico, que precisou de um segundo para causar aquela sensação e dois para matá-lo. O espetáculo era só para ele.


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