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sexta-feira, 9 de março de 2012

Alta tensão - Novo título disponível a partir de 09/03/2012

Título: lta tensão
Autor: Harlan Coben
Ano: 2011
Sinopse: Um dos autores mais lidos no mundo, Harlan Coben traz uma nova história com seu personagem mais premiado. Myron Bolitar ficará frente a frente com um passado de mentiras e traição. Uma mensagem anônima deixada no Facebook da ex-estrela do tênis Suzze T põe em dúvida a paternidade de seu filho. Grávida de oito meses, ela pede a ajuda de seu agente e amigo Myron Bolitar para descobrir o responsável por essa intriga e trazer de volta seu marido, o astro do rock Lex Ryder, que saiu de casa depois de ler o texto. Descobrir o paradeiro de Lex não é tarefa difícil para um ex-agente do FBI. Mas, na mesma boate onde o encontra, Myron é surpreendido ao ver Kitty, a mulher que fugiu com seu irmão, Brad, e o afastou para sempre da família. Tentando ajudar a amiga e reencontrar o irmão mais novo, Myron se vê preso numa rede de segredos obscuros que põe em risco as pessoas que ele mais ama. Agora, só a verdade poderá salvá-las. Mas, para que ela prevaleça, nenhuma mentira pode restar – seja ela de Suzze, Lex, Kitty ou do próprio Myron. Nesta premiada história, Harlan Coben mais uma vez consegue construir uma trama envolvente, que fala de fama, ganância e rivalidade e surpreende por seu toque humano. Na aventura mais difícil de Myron Bolitar, seu passado vem à tona e, junto com ele, feridas que jamais se fecharão.


Leia Mais Sobre "Alta Tensão - Em Seu Maior Desafio, Myron Bolitar Terá de Enfrentar a Grande Mentira de Sua Vida."



CERTA VEZ UM AMIGO DISSERA a Myron que a mais terrível verdade ainda é melhor que a mais bela mentira. Era nisso que Myron pensava, olhando para o pai na cama do hospital. Estava tendo um flashback da última vez em que mentira para ele, 16 anos antes, uma mentira que havia causado desolação e mágoa e iniciara uma onda de destruição
que, tragicamente, culminava ali. Os olhos de seu pai permaneciam fechados; a respiração, pesada e irregular.

Parecia haver tubos por toda parte. Myron observou o braço do pai. Lembrou-se do tempo em que era menino e ia visitá-lo na fábrica em Newark, de como o pai puxava as mangas da camisa para trabalhar em sua mesa gigantesca. Na época, era um braço musculoso, que fi cava apertado nas dobras do tecido como se elas fossem um torniquete. Agora os músculos pareciam ter perdido densidade, ter murchado com o passar dos anos. O peito largo que tantas vezes fi zera Myron se sentir tão protegido continuava ali, mas estava frágil e dava a impressão de que a caixa torácica poderia quebrar ao menor peso, como se fosse formada por gravetos. 

O rosto tinha a barba por fazer, mas, em vez da sombra causada pelo crescimento dos pelos, havia manchas cinzentas e, ao redor do queixo, a pele pendia frouxa como uma capa excessivamente larga. A mãe de Myron – esposa de Al Bolitar nos últimos 43 anos – estava sentada junto à cama. Segurava a mão do marido, a dela trêmula por causa da doença de Parkinson. Sua fragilidade também era assustadora. Quando jovem, tinha sido uma das pioneiras do feminismo. Havia queimado sutiãs com Gloria Steinem e usado camisetas com dizeres como “Lugar de mulher é em casa… e na Câmara e no Senado”. 

Agora ali estavam os dois, Ellen e Al Bolitar (“Nós somos o casal El-Al”, a mãe costumava brincar, “igual à empresa de aviação israelense.”), ambos consumidos pelo avançar da idade, mas ainda aguentando, muito mais afortunados do que a grande maioria dos casais idosos – ainda que a sorte, no fi m das contas, fosse aquilo. Deus tem mesmo senso de humor. – Então – disse a mãe de Myron bem baixinho –, estamos combinados? Myron não respondeu. A mais bela mentira versus a mais terrível verdade.

Ele devia ter aprendido a lição há 16 anos, com a última mentira que contara àquele grande homem, a quem amava mais do que a qualquer outro. Mas não, não era tão simples assim. A mais horrenda verdade podia ser devastadora. Podia
virar o mundo de cabeça para baixo. Podia até matar. Assim, quando as pálpebras de seu pai se abriram com um tremor, quando o homem a quem Myron mais estimava no mundo ergueu os olhos para o filho mais velho com uma incompreensão suplicante e quase infantil, Myron olhou para a mãe e aquiesceu devagar. Então reprimiu as lágrimas e se preparou para contar ao pai a mentira final.

2

Seis dias antes

– MYRON, POR FAVOR, preciso da sua ajuda. Para ele, parecia um delírio: a donzela em perigo adentrava sua sala rebolando, deslumbrante e curvilínea, como uma personagem dos filmes de Humphrey Bogart. Bem, tirando o fato de o rebolado lembrar o andar de uma pata e as curvas delinearem o oitavo mês de gestação da deslumbrante donzela. Isso
meio que arruinava qualquer fantasia. Seu nome era Suzze Trevantino, ou Suzze T., como fi cara conhecida a estrela
do tênis agora aposentada. 

Nos campeonatos, Suzze era sempre a bad girl provocante, mais notória por suas roupas ousadas, piercings e tatuagens do que por suas jogadas. Mesmo assim, tinha vencido um torneio importante e ganhado uma fortuna fazendo anúncios publicitários. Entre outros contratos, era a porta-voz (Myron adorava esse eufemismo) da rede de bares de topless La-La-Latte, sucesso entre os universitários por causa do “leitinho extra”. Bons tempos aqueles.
Myron abriu os braços.

– Estou ao seu dispor, Suzze, 24 horas por dia, sete dias por semana. Você sabe disso. Estavam no escritório da Park Avenue, sede da MB Representações. O M era de Myron e o B, de Bolitar. O “representações” era pelo fato de a agência representar atletas, atores e escritores. Sim, nós somos criativos.
– É só me dizer o que eu posso fazer. Suzze começou a andar de um lado para o outro.
– Não sei muito bem por onde começar – disse ela. Myron estava prestes a dizer algo quando ela ergueu a mão, fazendo-o parar. – Se ousar dizer “comece pelo começo”, eu arranco uma das suas bolas.
– Só uma?
– Você está noivo. Tenho que pensar na coitada da sua futura esposa. Os passos dela se transformaram em algo mais parecido com uma marcha militar, aumentando tanto em velocidade e força que Myron teve medo de que ela entrasse em trabalho de parto ali mesmo, na sua sala recém-reformada.

– Ei, o carpete – disse ele. – É novo. Suzze franziu o cenho, andou mais um pouco pela sala e começou a roer as
unhas pintadas com um esmalte chamativo.
– Suzze? Ela parou. Seus olhares se cruzaram.
– Fale comigo – disse ele.
– Você se lembra de quando nos conhecemos? Myron fez que sim com a cabeça. Havia sido poucos meses depois de ele ter terminado a faculdade de direito. Estava começando seu negócio e a firma ainda se chamava MB Representações Esportivas, porque na época Myron agenciava apenas atletas. O “esportivas” havia saído do nome depois que ele começou a representar celebridades, atores, escritores e outros expoentes das artes.

Sim, nossa criatividade já despontava naquela época.

– Claro que lembro – respondeu ele.
– Eu era muito louca, não era?
– Você era um grande talento do tênis.
– E muito louca. Deixe de ser vaselina. Myron ergueu as mãos, rendido:
– Você tinha 18 anos.
– Não, 17.
– Que seja. Ele teve uma rápida lembrança de Suzze ao sol: cabelos louros presos em um rabo de cavalo, sorriso malicioso, uma direita tão forte que ela parecia estar com raiva da bola.
– Você tinha acabado de virar profissional. Os adolescentes penduravam pôsteres seus no quarto. Todo mundo esperava que você fosse derrotar as lendas do esporte num piscar de olhos. E a pressão dos seus pais era enorme. É um milagre você ter sobrevivido.

– Verdade.
– Qual é o problema, então? Suzze baixou os olhos para a própria barriga como se ela houvesse acabado de surgir.

– Eu estou grávida.
– Bom, é, dá para ver.
– A vida é boa, sabe? – continuou ela, a voz assumindo um tom suave, sonhador.
– Depois de todos esses anos em que eu fui muito louca... conheci Lex. As músicas dele nunca estiveram tão boas como agora. Minha academia de tênis vai de vento em popa. E, bom, está tudo indo tão bem. Myron aguardou. Os olhos dela continuavam pregados na própria barriga, ninando-a como se já fosse o bebê – o que, de certa forma, era. Ele tentou manter a conversa fluindo:
– Você gosta da ideia de estar grávida?
– De carregar um bebê na barriga?
– É. Ela deu de ombros.
– Não posso dizer que fi que radiante. Na verdade, estou louca para que o parto chegue logo. Mas isso é mesmo interessante. Algumas mulheres adoram estar grávidas.
– E você, não?

– Tenho a sensação de que alguém estacionou uma escavadeira na minha bexiga. Acho que as mulheres gostam de estar grávidas porque se sentem especiais por isso. Como se virassem uma celebridade. A maioria delas passa a vida
inteira sem receber muita atenção mas, quando está grávida, é tratada como rainha. Pode parecer um comentário maldoso, mas as grávidas gostam dessa atenção. Entende o que eu quero dizer?
– Acho que sim.
– Já tive a minha cota de atenção na vida, eu acho. Ela se aproximou da janela e olhou para fora por alguns instantes. Então tornou a se virar para ele.
– Aliás, você reparou como meus peitos estão enormes?
– Bem... – Myron começou a dizer, mas resolveu que seria melhor ficar calado.
– Pensando melhor, talvez você devesse entrar em contato com a La-La-Latte e acertar uma nova sessão de fotos.
– Tiradas de ângulos estratégicos?
– Isso. Talvez as belezocas aqui possam render uma ótima nova campanha. Ela segurou os seios, para o caso de Myron não estar entendendo exatamente a que belezocas estava se referindo.
– O que você acha? – concluiu ela.
– Acho que você está fugindo do assunto – respondeu Myron. Os olhos dela ficaram marejados.

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